Máquina 2

Pai, eu não a quero mais.

Eu imagino que seja duro, acredito também que você deve achar que é apenas uma fase rebelde, mas meu Pai, esses cabelos não serão mais cortados novamente, e se forem cortados, será em um novo contexto e de outro olhar.

Desde muito cedo meu Pai era responsável pelo meu cabelo, era papel dele me levar no seu cabeleireiro para cortar os nossos cabelos, a gente sempre cortava juntos. Papai nunca deixou qualquer um encostar as mãos nos poucos cabelos brancos que tem, era um certo cuidado mas que esse cuidado era saciado com a maquina 2 passando, a cada 15 dias. A cada 15 dias, a máquina 2 se fazia presente em nossas vidas.

Eu acreditava que era estético, que a cabeça raspada me deixava mais atraente e as vezes até bonito, mas até o momento era tranquilo lidar, eu ainda estava na bolha, cabelos dos meninos raspados, das meninas presos ou alisados, uma ou outra destoava e apostava nos cachos, sempre com bastante creme para conter o volume. O cabelo era uma questão, mas havia um pacto de silêncio, e então, o cabelo não virava uma questão da identidade.

Tempo vai, tempo vem, e no meu ensino médio a bolha se rompe como um tapa no meu corpo. Em uma nova cidade, em uma nova escola com uma nova turma, hábitos mudaram radicalmente, convívios foram transformados e meu corpo quer se adaptar. Observava os meninos com seus franjões Justin Bieber e os imitava com a toalha ou com uma camisa na cabeça, e ao me olhar no espelho, percebia que havia algo que não iria se enquadrava, o nariz era muito grosso e não tinha photoshop capaz de concertar, a boca… Poderia ser menos exagerada, não combinava com as expressões que queria imitar, e a cor… Porque essa cor? Não dá! Nos colírios capricho não tem nenhum… Dessa cor. O conflito interno estava armado, trincheiras e trincheiras, de uma guerra interna que só estava começando.

Raspei a cabeça, comprei roupas de marcas, entrei pra academia, deixei de pagar aluguel pra frequentar festas e ser notado. Papo furado, no jogo mercadológico a marca é desvalorizada no seu contato, e nas relações, o corpo em contato com o seu suor é humilhação demais pra ser passado em público. E pra variar, não me encaixei.

E assim fui levando, construindo uma identidade a partir da aprovação do outro. Boca gostosa, disse um… Amarelo em você não fica legal… Continue a malhar que você vai ficar bem pagável… Sempre tive curiosidade sobre um pênis negro…

E nessas andanças a gente vai se adaptando, são como grandes muros em que temos que achar brechas para passar, mas que no fundo, são muros de labirintos, a gente está perdida e esse labirinto não tem premiação e nem fim.  O que enxergamos como positivos, pegamos pra si e nos moldamos em torno disso – A Boca é gostosa? Vira parte do corpo em que mais gostamos. Eu nunca gostei de amarelo mesmo. Ficar com um corpo malhado realmente vai me dar mais notoriedade. E meu pênis, ah, se quiser eu posso te mostrar.

É um caminho sem volta, sem nenhum retorno além de prazeres e gozos momentâneos trancados no quarto ou em algum esconderijo público, longe de todos.

E aí a gente se perde não nos reconhecemos e não nos adoramos. Vivemos em função do prazer do outro, dizendo sempre sim, pra tudo. Mas a humanidade ela também é medida a partir do não. E então eu disse não.

Não! Gosto muito da minha boca, mas você já escutou o que ela tem a falar? Na verdade, roupa amarela realça mais minha cor, preciso abastecer meu armário com amarelo! Ai malhar… Preguiça… Estou preferindo escrever ao som de música. E o pênis, bem, não mais.

E nesse novo caminho, outras aberturas são possíveis e um novo redescobrimento do seu corpo esta colocado. Um novo ângulo pra fotos são descobertos e se ficar mais preto, melhor. O nariz se encaixou perfeitamente com o formato do sorriso, e a pele, ainda bem que é essa pele! Imagine se fosse outra?!

Mas faltava algo, faltava algo que a cada 15 dias me acompanhava, sozinho em casa, agora eu mesmo cortava meus cabelos com a máquina que meu pai me deu quando me mudei, na maquina só tinha o pente 2, uma maquina antiga e que se prestava a manter o ritual. Quinzenalmente ouvia-se seu som, quinzenalmente cabelos aos chãos, quinzenalmente um muro erguido.

– Pai, pode ser ofensivo, e acredite não é! Mas hoje seu filho foi voar, seu filho não cabe mais nela, me desculpe quebrar o ritual, mas eu quero enfrentar o ar, eu quero me conhecer por inteiro e nessa minha descoberta eu vou te descobrindo um tanto. Você me levou no seu cabeleireiro e por vezes cortou meu cabelo para me tocar, para me ensinar e ser um pai carinhoso. O seu carinho eu guardo, não largo de jeito nenhum, mas hoje essa maquina 2 me machuca e me fere. É essa ferida que quero enfrentar.

Arquivo Pessoal, julho 2016.

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O racismo que ridiculariza Inês Brasil

Por: João Victor, Acadêmico de Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo, virginiano, 22 anos e frenético estudioso de obras pretas. Mas o que me trouxe até aqui foram as ruas, vielas e becos que percorri e as pegadas que construí.

Inêss Brasil virou febre nas redes sociais há alguns anos com um vídeo em que ela pede para entrar na casa do Big Brother Brasil e logo já foi alvo de inúmeros instrumentos de brincadeira, os chamados memes. Também logo foi “adotada” pela comunidade LGBT (gays brancos em sua maioria) e virou um ícone de humor e amor, o que dizem.

Visto dessa forma, fica tudo muito lindo e harmonioso, mas, não é dessa forma que funciona.

No surgimento da Inês se levantou uma “dúvida”: se ela era mulher ou travesti. Sim, a comunidade homossexual fazia enormes debates para “descobrir” se Inês era mulher de vagina ou mulher de pinto (coloco de maneira agressiva para essa galera perceber que esse debate já foi ultrapassado e para deixarem de tratar a travesti/trans no masculino! travesti/trans são mulheres!). Inês sempre falava que era “mulher” mas a comunidade homossexual branca em sua maioria não dava ouvidos e só foi finalizado a “dúvida” quando “descobriram” uma filha dela. Ora, a palavra de uma mulher nunca é levada a sério, agora imagine uma mulher negra?

Inês Brasil também faz shows pelo Brasil, não raro, na verdade bem rotineiro é possível encontrar vídeos/fotos dos shows e também da parte em que ela recebe essa galera para tirar fotos. Nos shows, o assédio, o abuso, o estupro é recorrente e normalizado pela boate com a afirmativa de “todo faz/ ela gosta”, o que me lembra muito bem a desculpa do “foi estuprada porque tava com shorte curto”. (Mais uma vez, culpabilizando a vítima!).

Como se não bastasse, postam um vídeo íntimo da Inês com um cara. E o que a comunidade homossexual branca faz? Abraça o homem branco que gravou/postou o vídeo o tornando super popular no instagram e, pirem, DJ super requisitado. E para Inês o que fica? Apenas uma repulsa dessa comunidade com o seu órgão genital, muitos ainda falavam “como esse cara teve a coragem?”, o homossexual carrega a misóginia com o corpo da mulher, falar em vagina faz os homossexuais desfilarem caras de nojo e alguns ainda imitam como se estivesse vomitando.

Ah, e o que dizer do empresário que a agrediu e ela denunciou mas o silêncio de quem a ama foi mais forte. Acabou que de forma bem complicada, por envolver inúmeros fatores, Inês falou que tudo não passou de um engano, mas as fotos estão aí para quem quiser ver a agressão sofrida!

Diante tudo isso, eu me pergunto, onde está esse amor? Inês é uma mulher negra, o que já se torna alvo fácil para a ridicularização, os inúmeros memes estão aí pra provar, suas músicas só são aceitas na balada às 4hrs da manha, que é a hora da selvageria/putaria, algo muito comum com o funk e com as culturas produzidas pela população negra( aliás, CULTURA sim a Inês produz!) e quando não está nessa situação, enche o peito pra dizer que “deus me livre ouvir Inês Brasil/funk”.

Eu não consigo enxergar a humanidade dela na forma em que essa comunidade apresenta, eu só consigo enxergar como um instrumento de humor em que vou gostar dela quando for conveniente e nas outras horas, é melhor ter distância.

Por essas e outras, eu não tenho estômago para o racismo e machismo de vocês movimento GGG!

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*Racismo Institucional no curso de Letras da Ufes retira vaga de professora de Literaturas Africana e Afro-brasileira!

ASSINE O ABAIXO-ASSINADO: Curso de Letras/UFES retira vaga da Professora de Literaturas Africanas https://chng.it/fQJW4GHTzn

Seu corpo negro nem esfriou, mas já sofre vilipêndios à sua memória…

O Coletivo Negrada surgiu em 2012, no curso de Letras, quando foi averiguada a divisão de turmas entre alunos Cotistas e Não Cotistas em diversos cursos da universidade e a tratativa distinta entre os discentes. Desde então, várias lutas foram travadas, havendo ampliação do Coletivo com participação de alunos de outros cursos e apoio de professores comprometidos com a descolonização dos currículos e a luta antirracista. Dentre esses professores, muitos do curso de Letras, que possibilitaram que o debate étnico-racial fosse expandido dentro e fora da universidade, como o surgimento do cineclube Cinegrada, idealizado e executado pelo Coletivo e participação ativa de alunos e professores do curso de Letras e outros cursos. 

Nessa caminhada, visualizamos que 10 anos depois, ainda precisamos nos fazer presentes, que no curso onde tudo começou ainda temos aliados, mas há ainda quem questione a importância das nossas pautas e da nossa existência. A principal apoiadora do coletivo foi a Profa. Dra Jurema Oliveira que sempre combateu ao lado dos estudantes negros e negras as violências estruturais e institucionais que nos assolam. Por isso, por meio deste texto reivindicamos a valorização da sua memória e a preservação do seu legado. 

No último dia 11/11, apenas 39 dias após o falecimento da Prof. Dra. Jurema Oliveira em 02/10, o Departamento de Línguas e Letras da Ufes decidiu não manter sua vaga de professora na disciplina de Literaturas africanas e afro-brasileiras. Ao invés de contratar outro professor capacitado (de preferência negro/a) para atender as pautas da disciplina, decidiram expropriar à vaga para a disciplina de literatura francesa.

Nesta mesma semana, a Associação dos Professores da UFES realizou uma gira de conversa intitulada “novembro Negro, por uma universidade antirracista” com a presença da Filósofa e Escritora Sueli Carneiro para falar exclusivamente para os professores associados da UFES, a ironia é saber que enquanto isso, o DLL excluía a vaga da única professora negra do departamento de letras. 

Vale lembrar que a UFES foi uma das primeiras universidades públicas do Brasil a adotar o Sistema de Cotas Sociais, é reconhecido seu protagonismo, mas o verdadeiro motivo de ter adotado é que a maioria dos representantes do Conselho Universitário rejeitavam as Cotas Raciais, portanto, percebe-se que a lógica do racismo institucional é sempre buscar outras formas para excluir, remanejar ou impedir o acesso da população negra, negligenciando seus direitos, como o acesso à educação superior pública. 

A lei 10639/2003 que altera o artigo 26-A da lei das Diretrizes e bases da educação nacional, incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, e seu parágrafo 2º ditam que os conteúdos da História e Cultura Afro-Brasileira deverão ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial, nas áreas de Educação Artística, de Literatura e História Brasileira.

A profa. Jurema, sendo a primeira professora negra do DLL, também era a única a se dedicar exclusivamente às literaturas afro-brasileiras e africanas, além de ser uma das mais importantes pesquisadoras e escritoras dos temas, com várias publicações de livros e artigos em revistas e anais de congressos nacionais e internacionais. 

Seu trabalho nos possibilitou conhecer de perto e estudar as literaturas africanas e afro-brasileira além da literatura portuguesa, nos aproximando cada vez mais nas relações existentes entre Brasil e África com a história e culturas africanas por meio da literatura da lusofonia, e demais línguas africanas nas suas mais diversas influências.

A UFES já manifestou ser contrária as políticas de inclusão racial e tem mantido até os dias atuais decisões superiores e práticas cotidianas de racismos inclusive em processos de seleção, negando o direito à contratação de professores negros. 

Não podemos esquecer que o caso Malaguti foi de racismo explícito, sem pudor, onde um professor das ciências sociais faz revelações de seus pensamentos racistas sobre o ingresso de estudantes negros na universidade, dizendo que “não gostaria de ser atendido por advogados ou médicos negros” isso significa o quanto que este lugar “privilegiado” não era permitido à negros e negras, mas com a aprovação das políticas de inclusão essa limitação não mais é permitida.

O longo período na UFES nos possibilitou conhecer o trabalho e a luta da saudosa e querida profa. Jurema Oliveira, que superou muitos obstáculos até chegar à UFES e para permanecer exercendo seu trabalho, oferecendo a disciplina de literaturas africanas como matéria optativa no currículo do curso de letras, apesar da Lei 10.639/03 já exigir a sua obrigatoriedade. Ela realizou o impossível para garantir o cumprimento da lei oferecendo propostas de pesquisa, grupos de estudos, feiras, congressos, seminários e desenvolvendo atividades de promoção das literaturas africanas e afro-brasileiras, além de manter suas posições enquanto professora negra e como chefe do departamento de Línguas e Letras. 

O Advogado e professor Sílvio de Almeida, da Faculdade de Direito do Mackenzie-SP, em seu livro Racismo Estrutural define o racismo institucional como: “…o racismo não se resume a comportamentos individuais, mas é tratado como o resultado do funcionamento das instituições, que passam a atuar em uma dinâmica que confere, ainda que indiretamente, desvantagens e privilégios com base na raça.”

A profa. Jurema viveu para lutar e reivindicar a implementação da Lei 10639/03 no currículo dos cursos de letras, assim como, na literatura na pós-graduação PPGL, além de ter sido, uma das maiores pesquisadoras e ativistas negras do Brasil, fundadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Africanidades e Brasilidades – Nafricab-UFES, era conhecida e respeitada internacionalmente no campo das literaturas africanas e dos estudos afro-brasileiros. 

Portanto, entendemos que o legado de Jurema precisa ser preservado com a garantia do concurso de professor efetivo para a vaga de literatura africana e dar continuidade ao trabalho que ela apenas iniciou. 

Salienta-se que o curso de Letras apresenta um quadro predominante de professores não negros, não havendo representatividade para os jovens negros e negras que constituem quase 60% da população do país. As políticas de cotas possibilitaram que a população entrasse na universidade, contudo, a mesma não se reconhece ao estar em contato com o quadro docente e um currículo eurocêntrico. Precisamos que a nossa história e a nossa cultura sejam contadas por um dos nossos. Não abrimos mão de um corpo negro suscitando o debate racial nas letras.  

E também achamos que apenas uma vaga é muito pouco para atender todas as nossas demandas. Faz-se necessário e é urgente mais professores negros em todas as áreas que permeiam os cursos de graduação e pós-graduação, não estamos brigando só por uma vaga. 

O debate étnico-racial se faz importante para alunos negros e não negros que atuarão como professores e pesquisadores no país, tendo como foco um projeto de nação. 

Ao dizerem que seria uma retirada momentânea da vaga, nós dizemos: já esperamos mais de 300 anos para recuperar a nossa dignidade que nos foi roubada e apagada. Até quando vamos esperar?  Ainda não há igualdade racial nos espaços de poder, por isso a votação democrática é uma injustiça, uma vez que sequer deveria estar em pauta a retirada da única vaga e da única professora negra.

É preciso Políticas Afirmativas também para a contratação de professores! A Lei 12.990/2014, reserva 20% das vagas em concursos públicos para cargos na administração pública federal, essa lei foi reconhecida por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal. Queremos mais professores negros e negras em todos os cursos da UFES e que se cumpra a lei 10639/03 em todos os cursos da universidade!!!

Entendemos toda essa situação como Racismo Institucional SIM! Uma vez que o DLL carece de firmar compromissos com as pautas raciais, propor discussões e de mais presença de professores negros/as no seu corpo docente! Repudiamos essa postura do departamento de remanejar a vaga da Jurema e exigimos a revisão da decisão!

A profa. Jurema foi brilhante e intensa em tudo o que fazia, construiu pontes do Brasil com a África que nos possibilitaram atravessar, é por isso e por tudo que ela significa para nós graduados e estudantes da graduação, pós-graduação e orientandos dela, que não permitiremos o apagamento da sua memória e do seu legado que foi construído com muitos sacrifícios à sua vida pessoal e profissional dedicada exclusivamente à educação. Jurema virou ancestral, mas deixou sementes de um lindo baobá e desejamos que ele floresça. 

**A Representação Discente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Ufes manifesta o descontentamento geral dos estudantes do PPGL com relação à decisão do Departamento de Língua e Letras (DLL) de passar a vaga da professora Jurema José de Oliveira para a área de língua francesa. Sabemos da necessidade de se atenderem demandas institucionais, contudo entendemos que para suprir tais demandas é inaceitável que se perca uma vaga dos cursos de Letras e do PPGL que era voltada para as literaturas afro-brasileiras e africanas. É preciso compreender como tal decisão reproduz e naturaliza uma série de apagamentos e a invisibilização que historicamente afetam a população e a cultura negra no Brasil.

É válido lembrar que estamos às vésperas de completar vinte anos da Lei 10.639/03, que incluiu na educação básica o ensino obrigatório da história e cultura afro-brasileira, no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. O compromisso da universidade com uma formação de professores que atenda a essas prerrogativas legais inclui ações como a criação e a manutenção de vagas de docentes especialistas em estudos afro-brasileiros e africanos. 

Considerando esses pontos e também tendo em mente o legado de Jurema, bem descrito anteriormente pelo Coletivo Negrada, em respeito à história da professora dentro da universidade, solicitamos que a decisão tomada pelo DLL seja revista, que a vaga permaneça na área de literatura, sendo direcionada especificamente para literaturas afro-brasileiras e africanas.

#JUREMAPRESENTE! HOJE E SEMPRE!!

*Nota escrita pelos Membros Ativos do Coletivo Negrada-UFES

**Nota escrita pela Representação dos Discente do PPGL

ANEXOS: Manifestações de Apoio a manutenção da vaga na disciplina de Literaturas Africanas e Afro-brasileira;

1 – Moção de apoio à realização do concurso para literatura africana e afro-brasileira na vaga da Profª Drª Jurema de Oliveira | Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (ufes.br)  

2 – ABPN (@contatoabpn) – MOÇÃO PELA MANUTENÇÃO DA VAGA OCUPADA PELA PROFESSORA JUREMA OLIVEIRA NA ÁREA DE LITERATURA E PELA VISIBILIZAÇÃO DAS PAUTAS ANTIRRACISTAS NA UFES

3 – Adufes Seção Sindical (@adufes_ufes) – MOÇÃO PELA MANUTENÇÃO DA VAGA

4 – DCE UFES (@dceufes)  – *Pela continuidade do legado da professora Jurema!*

5 – LitERÊtura (@literetura) – NOTA DE REPÚDIO RACÍSMO INSTITUCIONAL

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NOTA DE REPÚDIO PELA PRISÃO ARBITRÁRIA DA ADVOGADA ALGEMADA EM AUDIÊNCIA NO RJ

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O Coletivo Negrada – Coletivo de Estudantes Negros/as da UFES, indignados com o caso da prisão arbitrária da advogada Dra. Valéria Santos, vem a público manifestar seu mais completo repúdio aos casos de racismos que nós profissionais negros e negras somos submetidos no cotidiano das nossas vidas profissional pública ou privada.

Consideramos que o racismo é e tem sido um dos impedimentos mais marcantes para o não ingresso no mercado de trabalho formal, desde a formação acadêmica à profissional de toda e qualquer pessoa negra, sendo este também o principal responsável pela desqualificação de muitos cidadãos negros e negras no Brasil ainda em pleno século XXI.

Reconhecemos que a prática da advocacia é fundamental para a garantia dos direitos constitucionais e o exercício de advogadas e advogados negras e negros é de suma importância nas lutas pela igualdade, justiça social, contra o crime de racismo e os efeitos do racismo histórico e institucional.

Identificamos que o racismo contra profissionais do Direito manifesta-se em diversas situações no exercício profissional, como no caso de advogados/as que são impedidos por seguranças de entrar no fórum, por não “parecerem advogados”, além das diversas ocorrências de violação da dignidade humana destes mesmo antes do exercício profissional, ou seja, durante a formação em direito, como vimos no caso dos jogos jurídicos da PUC RJ, onde foram atiradas bananas nos estudantes negros/ da UFF, além de hostilização através da imitação de gestos similares a primatas e ofensa direcionada a uma aluna negra chamando-a de “macaca”, ou na existência de grupos como o “Direito VIP” que havia na UFES e que através de um grupo secreto em uma rede social contribuía para  a segregação de alunos cotistas, através da manutenção da homogeneidade racial e social das relações que anteriormente vigorava em maior grau na graduação. Perpetuando, portanto, a sustentação de um corpo jurídico que não somente se silencia para as questões raciais, mas, também atua reforçando tais estruturas racistas.

Destacamos que o posicionamento do STF sobre o racismo ao reconhecer sua existência a partir do julgamento da ADPF  186, não resolve e não é suficiente para combater as práticas reiteradas do racismo e do racismo institucional em nossa sociedade, sequer no âmbito do judiciário brasileiro, pois no cotidiano, nas práticas e decisões, juristas não negros/as continuam tratando a questão racial no Brasil como mera interpretação monocrática ou tipificação penal obsoleta quando não aplicam os princípios elementares da impenhorabilidade e imprescritibilidade da penalidade exigida, além de reduzir à punibilidade com a tipificação da injúria racial em casos cada vez mais recorrentes em denúncias no sistema jurídico brasileiro.

Portanto, face aos fatos expostos e tantos outros que não tomamos conhecimento exigimos providências enérgicas e efetivas das autoridades competentes em relação às agressões e violações de direitos das prerrogativas no exercício da advocacia, além do desagravo público da  advogada Dra. Valéria Santos, de Caxias RJ, a quem manifestamos nosso total apoio e solidariedade.

Em âmbito educacional cobramos posicionamentos e a proposição de medidas imediatas das faculdades e universidades publicas e privadas para que haja amplo debate sobre a inserção e particularidades do profissional historicamente discriminados e estereotipados em nossa sociedade e no ambiente jurídico, onde o réu e o juiz tem cores pré-determinadas, e a  adoção da introdução de autores negros nas bibliografias sociojurídicas. Tal cobrança se vislumbra em caráter especial à UFES, que divide o espaço universitário com o Coletivo Negrada, e que como já demonstrado possui histórico segregacionista.

OBS.: Em respeito à vontade da vítima não compartilhamos videos nem fotos divulgadas nas redes sobre o caso.

Abaixo subscrevemos,

Coletivo Negrada – Coletivo de Estudantes Negros/as da UFES

ASSINE AQUI A NOTA DE REPÚDIO: https://www.change.org/p/nota-de-rep%C3%BAdio-pela-pris%C3%A3o-arbitr%C3%A1ria-da-advogada-algemada-no-rj 

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Anexo nota  oficial da OAB sobre o caso:

Nota oficial sobre o grave atentado às prerrogativas profissionais durante audiência em Duque de Caxias – RJ

Brasília e Rio de Janeiro – A respeito dos graves fatos verificados na manhã desta segunda feira, no 3º. Juizado Especial de Duque de Caxias, em que a advogada Valéria Lúcia dos Santos, foi constrangida e impedida de exercer livre e plenamente as prerrogativas de usar da palavra, registrar os fatos em ata de audiência e bem defender os interesses de sua constituinte, por atos arbitrários de uma juíza leiga e da autoridade policial, as Comissões Nacional, Seccional e Subseccional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia, vêm a público manifestar o seu repúdio e reafirmar que:

1) A advocacia exerce relevante função pública de defesa da sociedade, sendo porta voz da defesa dos direitos da população brasileira perante o Poder Judiciário (art. 2º., parágrafos 1º, 2º e 3º, da Lei 8.906/94);

2) É direito do advogado e da advogada usar da palavra em todas as audiências e sessões judiciais, devendo suas manifestações serem regularmente registradas em atas e termos, bem como apreciadas pela autoridade que conduz o ato judicial (art. 7º., X, XI e XII, da lei 8.906/94);

3) O uso de algemas, conforme súmula vinculante n. 11 do STF, só é lícito em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, o que em momento algum ocorreu no lamentável episódio;

4) Advogados e Advogadas não podem ser preso(a)s no exercício da profissão, salvo em caso de crime inafiançável (art. 7º., par. 3º., da Lei 8.906/94), o que também não se verificou durante o ato em questão, visto que nem mesmo crime houve;

5) Nenhuma prisão de advogado ou advogada durante o exercício da profissão pode ser feita sem a presença de representante da OAB (art. 7º., IV, da lei 8.906/94).

6) A voz do advogado e da advogada é seu instrumento de defesa da boa aplicação das leis e da realização da Justiça. Atos que objetivam calar a advocacia, atentam contra a democracia, contra os valores republicanos e sobretudo contra o exercício da cidadania. A OAB jamais aceitará isso.

A infeliz e arbitrária condução da audiência pelas autoridades que lá se encontravam, revelou a absurda violação de todos os dispositivos legais acima mencionados, além de completo despreparo e total desrespeito à dignidade da advocacia, em inacreditável supressão de garantias profissionais e constitucionais, absolutamente incompatível com o estado democrático de direito.  

Ao mesmo tempo em que repudiam o tratamento vexatório e agressivo, as comissões de prerrogativas do CFOAB, OAB-RJ e OAB Duque de Caxias, manifestam solidariedade a Dra. Valéria Lúcia dos Santos, esclarecendo que, além da assistência prestada durante o episódio, ainda adotarão as seguintes providências:

a) Representação por abuso de autoridade contra todas as autoridades envolvidas;

b) Representação disciplinar perante as corregedorias, contra todas as autoridades envolvidas;

c) Averiguação da conduta ética-disciplinar perante a OAB, em relação a Juíza Leiga;

d)   Encaminhamento de desagravo público em favor da Dra. Valéria Lúcia dos Santos;

e) Assistência integral na ação indenizatória, em face dos danos morais sofridos, caso venha a ser proposta.

f) Solicitação formal de providências às corregedorias envolvidas no sentido de que não se repitam atos semelhantes.

Brasília, DF, 10 de setembro de 2018.

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Os 05 anos de luta antirracista do Coletivo Negrada: um pouquinho de nossa história.

IMG_0252Neste 18 de Junho 2017 comemoramos os 05 anos da organização do Movimento Negro que nasceu dentro da Universidade Federal do ES, o Coletivo Negrada!
Hoje é o “Dia de Mandela”, e não foi por acaso que escolhemos essa data para comemorar nosso dia também! O dia foi aguardado para que fosse realizada a primeira reunião do coletivo em junho de 2012.
O Negrada surgiu da demanda pela implemetação da Lei 10639 de 2003, além da forte pressão do debate pela aprovação da Lei de cotas raciais na UFES, mais vários foram os fatores de violencias ao qual os estudantes negros e negras sofreram na escola e sofrem ainda na universidade, onde esse processo permanece devido a luta pela mudança do status quo nos cursos de graduação.
Com isso, após a separação de turmas entre cotistas e não-cotistas no curso de Letras Portugues/espanhol da UFES, algumas alunas resolveram criar o coletivo que se firmou rapidamente como organização do movimento negro e até hoje se mantém resistindo em diversas frentes de atuação.
Seja no movimento social negro, na cultural, audiovisual, literatura, o coletivo sempre teve como foco o acesso e permanência na educação com várias ações junto as escolas públicas municipais e estaduais, para o combate e denúncias de racismos, assim como, a realização de seminários e debates acerca do tema racísmo e relações étnico-raciais.
Esses acontecimentos ainda estão longe de serem isolados, são muitos os relatos de ações racistas por parte de professores e alunos, as ações institucionais criminalizam os estudantes negros, e muitos sobrem agressões por parte da segurança da UFES além de os abusos contra os estudantes negros serem rotineiros na universidade.
Por tudo isso se faz necessário a atuação de um Movimento Negro lá dentro!
A gente entra no Negrada quase sempre pela dor, mas permanecemos por amor. Um processo de fortalecimento, reconhecimento e sobrevivência.
Inspiração​ na vitória de nossos irmãos e determinação quando tentam nos fazer cair.

Poder para o Povo Preto!!!!

Somos o Coletivo Negrada
#Negrada5Anos #EuSouNegrada #SomosNegrada
Confiram um pouquinho mais de nossa história:
https://m.youtube.com/watch?v=j6uIMG_0252

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Masculinidades Negras: Pode um corpo negro nascer?

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por: João Victor Santos, Colunista do Portal Negrada, Graduando em Ciências Sociais (UFES), Membro do Conselho de Juventudes do Estado do ES e Militante do Coletivo Negra.

“Nós entendemos que assim que o homem africano se levanta e declara ser um homem, ele se coloca em uma absoluta e imediata oposição ao sistema europeu, que tem o definido como sendo menos que um homem ou um não homem. Indo mais adiante, a razão pela qual isso se torna uma guerra é porque o homem euro-americano tem definido sua masculinidade baseada nas lacunas causadas na masculinidade do homem africano. Então ele só é homem porque o não é um homem. Se o africano se tornar homem, por sua própria definição, ele (homem branco) automaticamente perderá a sua masculinidade coletiva.”

“A masculinidade negra representa uma ameaça ao homem branco, ela é o profundo medo cultural do negro figurado no temor psíquico da sexualidade ocidental (Bhabha, 2003:71). Além de ter seu pênis racializado, a inteligência dos homens negros foi avaliada pelos europeus na proporção inversa do tamanho de seu pênis.
(…)

O homem negro não é um homem. Como nos lembra Fanon (1983), no imaginário ocidental, um homem negro não é um homem, antes ele é um negro e como tal não tem sexualidade, tem sexo, um sexo que desde muito cedo foi descrito no Brasil com atributo que o emasculava ao mesmo tempo em que o assemelhava a um animal em contraste com o homem branco. Este imaginário é perceptível no modo como a masculinidade é representada na literatura, cinema, telenovelas, jornais, revistas e propagandas, inclusive nas oficiais. Nelas o temor psíquico do negro macrofálico é retratado através de estereótipos que foram forjados durante longos anos até tornaram-se verdade, neste sentido, o livro O Cortiço de Aluísio Azevedo, um clássico da Literatura brasileira publicado em 1890, é paradigmático.

(…)

O ideal da miscigenação do novo Estado brasileiro que excluiu o homem negro simbolicamente é muito bem representado no quadro A Redenção de Cam, pintado em 1895 por Modesto Brocos. Nele vemos uma senhora negra agradecendo a Deus pelo seu neto branco no colo de sua filha de pela mais clara que ela, fruto de uma primeira miscigenação. Os três são observados por um homem branco, fonte da redenção, sentado com um leve sorriso no rosto. O fruto desta união é um varão e tem a pela tão clara quanto o pai. Este seria o auge do sonho da política de miscigenação, como política de Estado: o homem branco como agente purificador da nova raça brasileira. Desta forma o homem negro foi estrategicamente posto de lado ao se pensar o Brasil como um cadinho onde a miscigenação teria dado certo. Neste mesmo período o homem negro torna-se motivo de preocupações e alvo das atenções de higienistas e chefes de policia, o homem negro, parafraseando Pereira Passos, passa ser caso de polícia ou psiquiatria.”

Referências: 

“AS REPRESENTAÇÕES DO HOMEM NEGRO E SUAS CONSEQUÊNCIAS” (Rolf Ribeiro de Souza)” (https://drive.google.com/…/0B0S8H0I0DtIlcWdpSDVPTk1BanM/view)

“CICLO DE FORMAÇÃO MARCUS GARVEY: CÍRCULO PRETO APRESENTA: MASCULINIDADES EM FOCO” (https://drive.google.com/…/0B5-jP9sP0-j_S3A1VzdHTnJrcU0/view )

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NOTA SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DO COLETIVO NEGRADA

O Coletivo Negrada é uma reconhecida e respeitada organização do Movimento Negro, composta por estudantes e professores negras e negros comprometidos cotidianamente com a pauta pela equidade racial, na luta anti-racista e contra o genocídio da população negra, com atuação e repercussão nacional. Há 4 anos na UFES sofremos com o racismo nas relações entre discentes, docentes e principalmente com o racismo Institucional, lutamos contra ele e realizamos inúmeras ações educativas, de diálogos e enfrentamento.

Há algum tempo vários boatos relacionados às supostas ações atribuídas ao Coletivo Negrada estão sendo espalhados na tentativa de criminalizar o Coletivo. O racismo e o racismo institucional que estruturam a sociedade corroboram para promoção de mentiras contra o Coletivo Negrada, a fim de desmoralizar a nossa luta e organização. No entanto, permanecemos fortes e unidos.

Por meio dessa nota, viemos escurecer alguns pontos:

O Coletivo Negrada se preocupa com a construção coletiva para suas ações, por isso, nossas decisões oficiais partem do debate realizado em reuniões presenciais ou online entre os membros ativos. Dessa forma, as ações individuais, de pequenos grupos ou opiniões pessoais de membros/pessoas simpatizantes NÃO podem ser entendidas como ações organizadas/deliberadas pelo Coletivo Negrada, se a pauta não for discutida de forma prévia e coletivamente entre os seus membros.

1. O Negrada não se organiza por coordenação/direção ou qualquer estrutura hierárquica, nossa organização é pautada apenas na referência dos membros fundadores e nos membros ativos.

2. Fazem parte do Coletivo Negrada os membros ativos que vão às reuniões presenciais, constroem os seminários internos, participam das reuniões online, são responsáveis por determinadas atividades, estão em constante diálogo com os demais membros do Coletivo e, principalmente, compartilham dos valores do Coletivo Negrada.

3. O Coletivo Negrada NÃO responde por ações deliberadamente individuais de todos os estudantes negros da UFES, mas acolhe as denúncias de racismo para averiguação, apoio à vítima e encaminhamentos legais.

4. Ao associar qualquer protagonismo de pessoas pretas da UFES ao Coletivo Negrada, essa associação é racista. As/os estudantes pretas/os da universidade têm autonomia política e a exercem sem tutela de movimentos ou espaços institucionalizados, e os mesmos, devem ser respeitados.

5. Existem, além do Coletivo Negrada, outras organizações de universitários pretos na UFES e esses devem ser ouvidos, respeitados e terem visibilidade.

6. O Coletivo Negrada NÃO se propõe a ser uma organização universal, muito menos representante hegemônico de TODOS os estudantes negros da universidade.

7. O Coletivo Negrada NÃO É MOVIMENTO ESTUDANTIL, muito menos reivindicamos esse lugar, somos um Movimento Negro Universitário.

8. O Coletivo Negrada enquanto organização não disputa vaga em eventos/viagens relacionados a movimento estudantil, a menos que seja considerado pelo Coletivo alguma atividade importante para avançar no debate racial.

9. O Coletivo Negrada não está à frente das ocupações universitárias. Nos organizamos durante todo o mês de outubro e novembro para apoiar as ocupações secundaristas através de oficinas.

10. Durante o mês de novembro todas as atividades oficiais do Coletivo Negrada foram direcionadas à organização do Novembro Negro (palestras, oficinas, rodas de conversa, participação em eventos, atividades do projeto de extensão nas escolas públicas). Além da organização/participação na audiência pública sobre a fraude nas cotas raciais.

11. O Coletivo Negrada apoia as/os irmãs/os da Ocupação Quilombo Zacimba Gaba – Moradia Estudantil, ocupação legítima de estudantes pretos contra a PEC 55 e a MP 746. Além das pautas pela Moradia estudantil e pela retirada do processo da reitoria contra 3 estudantes negros.

12. O Negrada não adota a violência física como estratégia de luta, mas reconhece que o racismo por si só já é extremamente violento com os corpos pretos.

13. Entendemos que o racismo foi central na perseguição ao Coletivo Negrada e a estudantes negros durante a ocupação da reitoria de dezembro de 2015, que acarretou a um processo administrativo-financeiro à 3 estudantes negros, uma ocupação composto pela movimento estudantil.

Enquanto um Coletivo de universitários pretos temos a responsabilidade social de sermos multiplicadores do combate ao racismo e nossas ações extrapolam os muros da Universidade. O Coletivo Negrada realiza diversas ações educacionais como o projeto de extensão universitário CineNegrada que também é um projeto contemplado pela SECULT, o grupo de estudos Feminismo Negro e interseccionalidade, a participações em seminários e encontros acadêmicos, encabeçou a denúncia das fraudes nas cotas raciais, tem publicações acadêmicas sobre questões raciais de membros como alunos e professores, realiza palestras de importância da implementação da lei 10639/03 nas escolas e também parcerias com instituições públicas e privadas de ensino e produção cultural independente.

Apontar o Coletivo Negrada como responsável sobre qualquer ação em que seja pautada a questão racial, é invisibilizar e desqualificar a autonomia e possibilidade de outras organizações de estudantes negros que realizam suas próprias ações e que não necessariamente fazem parte do Coletivo Negrada.

As tentativas de desmoralizar o Coletivo Negrada são muitas e protagonizadas por quem não se compromete com o combate ao racismo e por isso prefere apontar falhas ao invés de somar.

A nossa militância tem referência ancestral, começou com os nossos mais velhos e a sua memória e luta devem ser sempre lembradas e aplicadas, estamos onde nosso povo está, lutamos pelo o que nosso povo luta e nesse caminho, sonhamos em transformar a universidade em um território preto abolindo assim todas as novas prisões.

Vida Dandara, Viva Zumbi e libertem Rafael Braga!

Nos Aquilombemos!

Novembro Negro

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RELIGIÃO E CONSCIÊNCIA NEGRA

Quando eu descobri que Deus me criou PRETO…

Há um ano atrás lá estava eu, trêmulo, pois como muitos de nós, vivi toda a minha vida negando minha cor e minha etnia. Mas, de repente eu me vi “nascer” PRETO do pior modo possível: O racismo bateu, arrombou minha porta. E eu abri.

Depois de um caso nacionalmente conhecido de racismo, onde fui era umas das vítimas, junto com minha turma do 2º período da universidade, ingressei no mundo da discussão racial. Mas eu era apenas um menino, ainda estava se encaixando na minha cabeça o que era ser preto. Porém, fui convidado pra falar sobre negritude e protestantismo em uma igreja batista. E agora? o que fazer? Se ser preto era uma novidade pra mim, imagina ser preto e protestante? qual relação havia nisso tudo?

Passe a me aprofundar nas leituras de textos que até então eram por mim desconhecidos, e busquei a bíblia, fiz minhas orações ao meu Deus, que a cada dia se revelava a mim, não mais como um branco velho barbudo ausente, mas como um preto igual a mim e que me entende, e marchei pra igreja. No local vi conhecidos, irmãos da igreja, o meu pastor e meus irmãos da militância. continuava trêmulo.

Minha irmã Tamyres, com todo seu afeto nos conduziu na reflexão sobre o tema. Foi lindo ouvi-la e perceber a importância desse tema ser debatido na Igreja.
Mas, de repente, lá estava eu, era minha vez. Eu, minha bíblia, e minha apresentação. Me lancei em Deus e fui. Fluiu. Mostrei o preto na bíblia e como ele é retratado e como o próprio Deus o trata e no fim afirmei: RACISMO É PECADO! Senti espanto, novidade e convencimento. Prossegui.Mostrei os meus vários irmãos pretos que lutaram por um mundo melhor desde os anglicanos até o líder pentecostal Willian Seymor.

E agora, o que dizer? havia findado a fala.
Mas eis que o Espírito me tocou e realmente me toquei de que o eterno Deus não erra em sua criação, e se Ele me fez preto, Ele não errou, quem errou nossa humanidade.
Resultado: foi lindo ver os pretos cristãos reconhecendo este Deus que empreteceu suas peles e encrespou seus cabelos e os deu tambores.  Houve apelo. A reunião finalizou com todos reconhecendo seus pecados de racismo e pedindo perdão por ele.

Dou glória ao meu Deus, que me fez PRETO. Eu posso ter “nascido” preto por um ato racista, mas está palestra foi meu renascimento como PRETO cristão, pois senti Deus me conduzindo em seus braços para se revelar a mim como Ele realmente é: O verbo que se fez carne na minha cor e me criou PRETO.

Obrigado SENHOR, MEU DEUS PRETO. Do ódio por minha pele e pelo ocorrido ao seu maravilhoso amor de Pai que acolhe e acalenta. Brigado meu PRETO REI.

Por: Timóteo André, Graduando em Ciências Sociais – UFES, Cristão Anglicano e membro do Coletivo Negrada.

 

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AS FRAUDES NAS COTAS RACIAIS E A FISCALIZAÇÃO DAS AUTODECLARAÇÕES NOS CONCURSOS PÚBLICOS E NAS UNIVERSIDADES.

Por: Mirts Sants*

Primeiramente, não venho falar em nome nem da direita nem da esquerda, mas em prol da luta do meu povo, que sempre estará em primeiro plano na minha ideologia política. Sou mulher preta, militante do movimento negro e vivencio na pele todos os dias, o que é ser negra/o no Brasil.

No início deste ano, denunciamos ao MPF cerca de 40 casos de fraudes nas autodeclarações do vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo, sendo que esse número é bem maior do que possamos imaginar, já que aqui, como a maioria das universidades brasileiras, não possuem mecanismos de fiscalização. Lutar contra as fraudes nas cotas raciais no Brasil tem sido o mesmo que lutar contra o próprio racismo institucional e suas diversas facetas, pois ao invés das instituições fiscalizarem o cumprimento da lei e protegerem os direitos reservados à população negra e indígena, adotam-se os velhos argumentos racistas para deslegitimar a lei de cotas e não responsabilizar os fraudulentos pelos atos ilícitos praticados. Sim, equipara-se ao crime de falsidade ideológica (Art.299 do Código Penal) a autodeclaração falsa para uso das cotas raciais.

Ao colocar um pouco de luz na história que a educação eurocentrada insiste em esconder da sociedade brasileira, é possível notar que não é de hoje que o movimento social negro luta pelo direito à educação dos afro-brasileiros! Sinto informar que “não é benesse de nenhum governo”, mas sim uma conquista da luta histórica de um povo que construiu esse país debaixo de chibatas e constantes violações de seus direitos e a humanidade por longos 400 anos, e enquanto isso, a aristocracia brasileira concentrava as riquezas e determinava a posição de cada sujeito “em seu devido lugar”.

Porém, só em 2012, depois de imensuráveis debates que trouxeram um desconforto nacional na branquitude, que se viu ameaçada de perder seu “status quo”, a Lei de cotas foi aprovada por unanimidade no STF, com pontos que já haviam sido alertados pelo movimento negro desde 1998. Um deles foi sobre a possibilidade de fraudes nas ditas autodeclarações sem fiscalização, mas a “brancaiada” que lá impera não iria deixar de manter tais “brechas” afim de garantir seu quinhão.

A busca por políticas públicas que melhorem as condições de vida da população negra vem sempre acompanhada de muita luta para garantirmos tais direitos. Isso porque as barreiras são impostas e realocadas ao passo que avançamos em direção a estes direitos. Por isso, a importância da participação ativa dos novos sujeitos de direitos, a juventude de negros e negras, que vem contribuindo na luta do movimento negro contemporâneo e permitindo uma oxigenação no movimento em prol das antigas e atuais demandas para toda a população negra.  

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O despertar da manhã de 04/08 aconteceu com a leitura de um texto no mínimo “oportunista” publicado pelo portal online Jornalistas Livres e escrito pela Jornalista Laura Capriglione, que também fez escola na Folha de SP. Intitulado APARTHEID BRASILEIRO: Governo Temer adota comitê de pureza racial a autora compara a verificação da autodeclaração pela análise dos fenótipos com a “Reedição constrangedora de práticas nazistas e do regime racista do Apartheid da África do Sul…”. Ela ainda credita ao “governo golpista de Michel Temer” a adoção da medida através da Orientação Normativa nº 3, de 1º de agosto de 2016, que trata-se de pleito do movimento negro há anos, como medida necessária e urgente para a fiscalização e coibição das fraudes nos concursos públicos, assim como, nos vestibulares das universidades públicas e privadas. Como se não bastasse, ela conclui o subtítulo da matéria dizendo ser este um “avanço definitivamente do sinal, atropelando os direitos humanos da comunidade afrodescendente”.

Ao primeiro momento, a indignação vem devido ao texto ser de uma jornalista que aparentemente se coloca como “aliada” das lutas dos movimentos sociais, de direitos humanos e pela Democracia do Estado Brasileiro. O que vimos, porém, logo em seguida é só mais um pouco da tradicional posição política, hierárquica, elitista, branca e racista, ao qual tanto questionamos da esquerda branca brasileira. Quando é preciso, para garantir seus privilégios e seus interesses, são capazes de tudo, inclusive cortar “na carne mais barata do mercado”, ou seja, “a carne negra”, como diz Elza Soares, na essência de seu viver. A autora, por vaidade e na tentativa de dar repercussão ao texto, foi infeliz em todas as suas colocações e argumentos. A infelicidade maior, contudo, residiu no fato de não querer ouvir as críticas do próprio movimento negro.

Antes de decidir escrever esse texto, tendo em vista que não sou escritora, muito menos jornalista, fui até a página pessoal da autora e pedi um “mea culpa” para que ela refletisse. Reconhecendo que havia cometido um erro tremendo e que se retratasse perante o movimento negro, pois muitas de nós, militantes do movimento, estávamos nos sentindo lesados/as pelo ‘“fogo amigo”, quando ela direcionou seus canhões para as mesmas vítimas do genocídio do Estado Brasileiro, que luta co-ti-dia-na-men-te pra conter as várias formas que o Estado e a sociedade têm para nos matar como povo preto, em especial os jovens negros, à quem sofremos para garantir o mínimo de expectativa de vida.

Como se não bastasse a invisibilidade dos nossos corpos negros e o silenciamento continuo de nossas vozes, as manifestações escritas que eu e tantas outros/as militantes do movimento negro fizemos na página pessoal e no portal dos jornalistas livres, não foram respondidas pela mesma. Quem sabe, sequer foram lidas. No alto de seus privilégios, está uma jornalista branca que não ouviu o movimento social ao qual se propõem “representar” em texto presunçoso e longe da realidade das lutas político e social que vivemos. Mas afinal cadê os jornalistas negros/as para orientar ou responder às demandas de cunho racial dos canais de comunicação tidos como progressistas?

Que fique bem escuro que é justamente por este e tantos outros motivos que o Movimento Negro por meio dos coletivos negros universitários vem lutando contras as fraudes e pela garantia da Lei de Cotas Raciais. Lutamos para ter cada vez mais jornalistas e profissionais liberais no mercado de trabalho e editoriais e para isso precisamos garantir o direito ao acesso ao ensino superior. Quem melhor do que nós pra falar de nós ou saber o que queremos e precisamos? As fraudes tem reduzido drasticamente as possibilidades de acesso da população negra nas universidades por meio das políticas de cotas, assim como, aos serviços públicos. Nas salas de aula e nos cargos de chefia nas empresas, ainda procuramos com dificuldade negros e negras. Quando nos identificamos, conseguimos contar nos dedos de uma só mão quantas/os somos.

Parafraseando a jornalista, eu me direciono aqui a Esquerda Branca Brasileira: “é vergonhoso” sim! Em pleno século XXI, depois de resistirmos a um terrível período escravocrata, conquistarmos uma falsa abolição, lutarmos em duas ditaduras, sobrevivermos a governos de direita, ainda termos que lidar com uma esquerda que usa as pautas dos movimentos sociais como massa de manobra para conquistar aquilo que deseja? A matéria fala de “Apartheid”, “Tribunal Racial” e “Pureza Racial”, todos estes termos foram e são usados ainda em tempos atuais nos argumentos que utilizam as ultrapassadas teorias racistas para a negação de nossa identidade e diluição dos direitos das populações menos favorecidas.

Sobre o “Apartheid”, o dia 04 de Agosto marcou os 25 anos que esteve no Brasil o líder africano Nelson Mandela. Em 1990, Mandela foi libertado depois de 27 anos na prisão por combater o racismo e o regime separatista do “Apartheid” na África do Sul. Recém-eleito presidente do Congresso Nacional Africano (CNA), ele realizou viagens internacionais em 1991, incluindo em seu roteiro alguns estados brasileiros, entre eles o Espírito Santo. O Apartheid, política instituída na África do Sul, nos Estados Unidos da América, entre outros países, ganhou destaque no mundo através da luta de Nelson Mandela que viveu uma vida inteira de cárcere para ver seu povo livre de tal discriminação. Comparar as bancas fiscalizadoras da autodeclaração com o “Apartheid” e práticas “Nazistas” é tão desonesto quanto desrespeitoso com todos aqueles que pereceram nesses períodos horrendos da história.

É uma pena que a matéria em foco não veio para denunciar o verdadeiro “Apartheid Brasileiro”, quando formalmente e/ou por meio de normas e procedimentos, ocupamos lugares pré estabelecidos socialmente, como as  cadeias, manicômios, embaixo dos viadutos, empregos subalternizados, as ruas, morros e favelas. Como esquecer o lugar da população preta, pobre e periférica nestas Olimpíadas no Rio de Janeiro? O principal critério utilizado para distinguir em que lugares devemos ou não estar são as características físicas e estéticas, ou seja, os fenótipos negroides. Quando é para sofrer racismo ou ser discriminado por injúrias raciais, nossos traços não são difíceis de serem identificados. Acredito ser este um critério que deva ser utilizado também para garantir os nossos direitos.  

Quanto ao “Tribunal Racial”, este já está instituído nas relações raciais desde o momento que a população negra e indígena é julgada sumariamente como suspeita e culpada antes mesmo do devido processo legal. Afinal de contas, o que são as instâncias jurídicas desde país? Quando na tríplice jurídica o sujeito negro ocupa quase sempre o lugar de réu?  E para não dizer que não falei da “pureza racial”, sabemos muito bem que aqui no país da “Democracia Racial”, onde todos somos “miscigenados” graças ao constante estupro das mulheres e dos homens negros e da política de Estado de “branqueamento”, que previa que até 2011 a não existência de negros no Brasil, uma gota de sangue negro não o faz ser abordado na rua ou ser morto pela polícia. Não é motivo sequer para sofrer racismo em razão de sua cor. Portanto, não me venha falar que “todos somos iguais” pois no dia a dia não é essa a realidade dos pretos e pretas. Quanto mais fenótipos negroides e melaninado for.

Este tema tem que ser tratado com seriedade e responsabilidade pois a necessidade de mecanismos de fiscalização e verificação da autodeclaração nos concursos públicos e nas universidades se dá devido às artimanhas do próprio racismo à brasileira, que primeiro nega a identidade negra aos afro-brasileiros, inferioriza-os, desqualifica e depois tira-lhes os direitos conquistados com tanta luta.  Te pergunto aqui, será que se eu disser que sou filha ou neta de descendentes europeus, terei assim o direito aos mesmos privilégios de ser branca perante a sociedade brasileira? A respostá é taxativa: Não! A branquitude, seja de direita ou de esquerda, para manter seus privilégios, ainda não admite que pretos e pretas possam sentar nos mesmos bancos das universidades, fazer os mesmos cursos, sejam eles os mais ou menos concorridos, dar aulas nas faculdades brasileiras, ocupar os mesmos cargos políticos ou de gestão, ou até dar ordens numa empresa.

EM PLENA LUTA PELA “DEMOCRACIA” NA DISPUTA “FORA TEMER” E “VOLTA QUERIDA”  O GOLPE ATINGE VIOLENTAMENTE EM NÓS PRETOS E PRETAS!!!

*Mirts Sants é Bacharel em Direito, Pós-graduada em Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça e Membro Fundadora do Coletivo Negrada.

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Membros do Neab Viçosa – MG participam de ensaio fotográfico como forma de intervenção contra o racismo e as diversas opressões sofridas por jovens negros/as.

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Membros do Neab Viçosa – MG participam de ensaio fotográfico como forma de intervenção contra o racismo e as diversas opressões sofridas por jovens negros/as.

A proposta de trabalho é do Bailarino do Grupo Êxtase de DançaJoão Petronillo, monitor de dança da UFV que idealizou a “ação performática” intitulada pelo mesmo de “Voz”.

“É de grande importância que nós pretos estejamos presentes para dar “Voz” a nossa história diária. É a luta que transborda em arte” disse João em sua timeline convocando os estudantes e o público para a intervenção.

Essa iniciativa muito nos orgulha, pois sabemos que os corpos negros não apenas ocupam a academia e os espaços públicos, mas também transformam e reivindicam seus direitos.

13432166_1006832276074064_225984361144974343_nSegue abaixo texto original do autor da intervenção

TÍTULO: VOZ
AUTOR: João Petronillo

DESCRIÇÃO CONCEITUAL: O Racismo vem sendo uma problemática desde os tempos da escravidão e este comportamento opressor esta entranhado de forma velada na estrutura social brasileira. Os relatos de pessoas oprimidas são de que os ataques racistas acontecem ainda na primeira infância, seja no seio familiar ou a partir do primeiro contato escolar. Expressões de cunho pejorativos como “macaco”, “cabelo de bombril” e outros, estão presentes no cotidiano de pessoas negras afetando a autoestima e o desenvolvimento intelectual dos mesmos. Deste modo o sujeito oprimido cresce com a imagem destorcida de papeis e lugares que devem ocupar na sociedade que é reforçada pela ausência de representatividade em cargos de poder público, docência universitária e nas mídias em geral.

Na audiência pública para debater o relatório da anistia internacional, Ana Janaina Alves de Souza especialista da Secretaria Nacional da Juventude, pela CDH (comissão de direitos humanos) discorreu sobre o plano “Juventude Viva” que tem com enfoque tratar de assuntos relacionados a vulnerabilidade da juventude negra no Brasil.

Ao longo da audiência evidencias de dados que revelam o reflexo do racismo estrutural que se instalam em nosso pais foram apresentados. Segundo os dados de CDH; 27 % da população brasileira é jovem, sendo que 53,7% se declaram pretos e pardos. No ano de 2012 houveram 56,337 homicídios, destes 30.072 eram jovens entre 15 a 29 anos totalizando 53%. Deste total 71,5 % eram negros.

Com estas e outras informações fica evidenciado como o processo opressor do racismo reflete até os dias atuais no corpo negro; Genocídio, falta de representatividade, objetificação do corpo pela indústria pornográfica e mídia, falta de representatividade e outras questões. Tal constatação, tem despertado para produções literárias, artísticas e seminários com abordagem na problemática da exclusão e opressão.

Neste enfoque se propõe a performance “Voz”, a qual dará visibilidade ao oprimido partindo de memórias geradas pelo opressor. O trabalho é inspirado em várias ações oriundas do ativismo negro presente nas universidades de todo pais, tendo alcançado as redes sociais em 2014, levantando questões para conscientização do jovem negro nas universidades.

DESCRIÇÃO FACTUAL: Essa performance busca ser um meio de tornar visível a opressão sofrida longo da vida do sujeito oprimido, externalizada através da escrita em lousa que ficara disponível para livre expressão do consultado.

MATERIAIS UTILIZADOS: Lousa, giz, apagador.
DURAÇÃO: Indeterminada

FOTÓGRAFO: Bruno Monteiro

Confira o ensaio completo em: Álbum do facebook

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